O apartamento onde morreu, em um incêndio, o ex-banqueiro libanês-brasileiro Edmond Safra, em Mônaco, foi vendido pelo equivalente a R$ 526 milhões a um investidor do Oriente Médio que não foi identificado. A propriedade de 1,6 mil metros quadrados tem três suítes, cada uma delas com closet, dois banheiros, cinema e cozinha próprios. Na cobertura, há ainda um spa, biblioteca e jardins com árvores de cinco metros de altura.
Batizada de La Belle Époque, a propriedade ocupa os dois últimos andares de um prédio com vista para a marina de Monte Carlo e pertencia a dois irmãos britânicos que fizeram fortuna reformando e vendendo propriedades de luxo. Christian e Nick Candy compraram a cobertura de Lily Safra, a viúva brasileira de Edmond Safra, por menos de R$ 25 milhões, pouco depois da morte dele em um incêndio criminoso no apartamento, em 1999.
A venda do apartamento confirma a fama de Mônaco como um dos lugares mais caros do mundo para se viver. Os irmãos Candy teriam investido milhões em reformas na propriedade, que conta com um sistema de segurança ultramoderno, com câmeras por toda parte e vidros reforçados. Além disso, também há toques dignos de cinema: obras de arte e telas de televisão que emergem da parede com o toque de um botão e cadeiras que se transformam em camas para os convidados de última hora.
Crime
Edmond Safra tinha 67 anos e morreu ao lado de sua enfermeira, Vivian Torrente, trancado na sala de segurança do apartamento. Um de seus funcionários, o norte-americano Ted Maher, foi condenado por ter provocado o incêndio. Ex-“boina verde” do Exército dos Estados Unidos, Maher recebia US$ 600 por dia para cuidar do banqueiro, que sofria do mal de Parkinson. Durante o julgamento, Maher chegou a afirmar que “nunca quis causar mal” a Edmond Safra, e só queria salvá-lo de um ataque de dois homens armados, que pretenderiam assassiná-lo.
Para simular uma agressão que alegou ter sofrido, o enfermeiro cortou-se com uma faca. O banqueiro e sua enfermeira se refugiaram em um banheiro com porta blindada. Os bombeiros, que tiveram dificuldades para superar as sofisticadas medidas de segurança do apartamento, acharam os dois asfixiados. Maher, que até então não era considerado suspeito, caiu em contradição. Três dias após o crime, ocorrido em 3 de dezembro de 1999, admitiu ter ateado fogo em uma escrivaninha no apartamento.
O advogado de Maher, no entanto, disse que o enfermeiro pôs fogo num cesto de lixo para ativar os dispositivos de segurança e depois aparecer para “salvar” o banqueiro. Com isso, pretendia tornar-se “herói” e receber um aumento de salário. Safra era fundador do Republic National Bank, de Nova York, e era considerado um dos homens mais ricos do mundo.